Na SIC, no programa Nas Ruas, foi discutido o tema bullying. Do que se falou, senti-me sensibilizada, visto também ter passado pelo mesmo no lado das vítimas. A psicóloga falava que as vítimas tinham três opções de reacção, a depressão, a mudança de espaço escolar ou a passagem à acção/defesa pessoal.
Recordando os meus tempos deste tipo de vida, guardei apenas recordações de correr atrás de quem me maltratava, de chorar, de responder, de ignorar. Sendo a última, aquela que praticava mais conforme a idade se formava.
Não deixam de ser tempos que me marcaram. Mas penso que me ensinaram bastantes coisas e me fizeram crescer. Tenho pena de ter passado por aquilo, acho que merecia ter tido tempos mais fáceis nesse aspecto, visto a minha vida fora da escola não ter sido igualmente fácil. Nunca contei aos pais ou outras pessoas, passava aquilo sozinha e só sabia quem via.
Toca-me bastante relembrar estes momentos passados e a reportagem foi, de certa forma, bem tratada.
Já tenho os meus 22 anos, pensei também que, a partir do "fim" daquela fase, não voltar a passar o mesmo, mas passei, e foi este ano, aquando da minha visita a Londres, onde fiquei com família do lado da minha mãe. Nunca fui tão maltratada por família. E o desespero por querer vir embora para casa mas ainda não ter o bilhete ou não ser o dia aumentava. Foi uma coisa de três semanas, arrependi-me de ter ido e prometi nunca mais voltar a falar com aquelas pessoas.
Gostava que todas as pessoas e adolescentes conseguissem expor os seus problemas ou ultrapassá-los sem recorrer a acções de violência, seja de que género. O outro não tem culpa, o outro não contribuiu para o nosso problema, o outro não merece que descarreguemos tudo nele. E nunca se sabe até que ponto as nossas acções podem magoar outra pessoa e que consequências daí podem ocorrer.
Ainda falta muito diálogo entre nós.
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